ENTENDENDO AS AVENTUTAS DE PI








ENTENDENDO AS AVENTUTAS DE PI

No fim do filme, quando os dois ministros do transporte japoneses, representantes da empresa de seguros vão perguntar a Piscina, o "Pi", sobre o fator causador do naufrágio, ele vem com aquela história dos animais e a ilha das plantas carnívoras (que pra nós que passamos o filme inteiro como testemunhas, achamos que se trata da versão verdadeira). Resultado é que eles não acreditam e não querem se passar de tolos ao contar para a imprensa. Enfim, Pi é levado a contar uma história mais racional que nos faz acreditar ser uma mentira, apenas para apaziguar os dois que queriam uma versão para acionar a empresa de seguros. 

Mas aí é que tá o TCHAN do filme. A história de "mentirinha" que ele conta, a versão sem animais FOI O QUE ACONTECEU DE VERDADE. Tudo que foi visto no filme, os animais em si, foram uma metáfora que Pi escolheu para poder contar a história sem mostrar os horrores da vida real, porque a vida real já é horrível do jeito que é. O cozinheiro era a hiena, o comandante era a zebra, a mãe o Orangotango, ele era o Tigre e ele mesmo acredito que éramos nós mesmos, num ponto de vista privilegiado de espectadores vendo tudo o que aconteceu. Entretanto, como Pi viveu a sua vida aprendendo várias religões, várias opiniões inclusive a de seu pai, racional, ele opta por dar ao ouvinte a escolha do melhor final, e esta é a verdadeira discussão do filme: Qual final você escolheria? O Místico ou o Racional? Cada um tem a sua opinião apesar do filme fortemente nos pender para o lado Místico. Nós passamos mais de duas horas vendo aquela aventura com Suco de Laranja e Richard Parker, nos identificamos com todos personagens para nos momentos finais, a história racional ser revelada, apesar de só haver uma verdade, na qual ele saiu vivo e sem sua família. 



Outra evidência que a história com os animais foi fictícia é uma das cenas mais fortes do filme, quando Pi sem forças cai na praia na costa do México e Richard sai do bote em direção a floresta. Pi espera que Richard olhe para trás e consinta o tempo que passaram juntos. Mas ele não olha, some entre as árvores e Pi acaba em prantos. É a maior lição que o seu pai deixou para ele ao mostrar o que aconteceu com a cabra no zoológico. É esta a questão, de nós humanos termos a tendência de humanizar, querer ver aspectos humanos onde não existe. Esta foi uma alusão ligada a questão que Pi levanta ao escritor. Qual final você prefere? Logicamente muito provavelmente o final com os animais porque você os humanizou, você olhou nos olhos do Tigre enquanto Pi poderia assassiná-lo com o machado e viu os olhos do arrependimento, viu os olhos e a expressão de um humano ao mesmo tempo que queria acreditar que Pi estava certo no zoológico quando poderia ter perdido não só um braço. Nós somos humanos, somos assim, o afeto pelas coisas irreais, que não existem são tão grandes que chegamos ao ponto de negarmos a realidade para o nosso puro prazer.

Mas a verdadeira dúvida entrou em questão quando o escritor canadense lê o relatório e vê que os japoneses relataram a história de Pi como algo mais ou menos assim: "um grande relato de sobrevivência e ainda mais ao lado de um Tigre de Bengala". O que aconteceu é que os japonesess acharam a versão secundária, a de "mentirinha" (entre aspas porque é a versão verdadeira) tão horrível que preferiram contar a primeira história, ou seja, a história com os animais que é a mentira de verdade. Talvez escolheram assim para poupá-lo da exposição e sofrimento ou que não queriam um desfecho tão avassalador sobre a esperança das pessoas ou até porque começaram a encontrar o caminho de Deus, quem sabe? O importante é que o escritor, os japoneses e preste bem atenção, até o próprio Pi preferem a história com os animais (a mentira é mais conveniente para ele). Assim como provavelmente todos nós. Repetindo, as pessoas discutem o final místico ou racional como certo ou errado. Só há uma verdade. A única questão motivadora de discussões é em qual final VOCÊ PREFERE. E ESTA PREFERÊNCIA EM PARTICULAR, vai depender de SUA bagagem, DOS SEUS VALORES, sendo você já um religiososo, alguém em busca de um sentido pra vida ou alguém que leva a vida de forma racional, baseada em fatos.

http://dois-e-meio.blogspot.com.br/2013/02/voce-realmente-entendeu-as-aventuras-de.html

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