Por que votarei em Haddad: elementos para uma reflexão em tempos de crise
compartilho a coluna de hoje do blog do professor LCFreitas
Publicado em 02/10/2018 por Luiz
Carlos de Freitas
Afinal, o cenário vai ficando claro. O “centrão” derreteu. A esquerda
cresceu e ameaça os planos direitistas. E fica cada vez mais claro que as
direitas vão se juntar para dar continuidade ao golpe de 2016, apoiando
Bolsonaro. É da sua natureza. Diferenças à parte, a velha direita, movida a
militares de reserva, e a nova direita, movida a empresários, constituem o
núcleo duro do que se chama “neoliberalismo”: uma junção entre “autoritarismo
social” e “liberalismo econômico”.
A nova direita prefere a democracia, mas justifica até um golpe se
necessário para implantar o livre mercado. É que para ela, livre mercado é
sinônimo de liberdade pessoal e social (Hayek, Mises). Apoiar Bolsonaro não é
um grande esforço para a nova direita. A eleição de Bolsonaro apagaria a imagem
do golpe de 2016 e forneceria a ela a legitimidade que precisa para implantar
todas as reformas que ainda estão na gaveta. Para isso, é preciso que a velha
direita entregue os postos econômicos do futuro governo à nova direita – o que
não é um grande sacrifício para a velha direita até porque ela não tem
propostas econômicas definidas.
O MDB e o PSDB/DEM estiveram à frente do golpe de 2016. O PSDB saiu
mortalmente ferido da confusão que ele mesmo ajudou a construir desde que Aécio
resolveu dar uma de Bolsonaro e não reconhecer os resultados das eleições de
2014. A culpa vai ficar com Alckmin, mas as causas são mais profundas.
O MDB não é partido de disputa presidencial. Tem seu foco mais no
congresso elegendo deputados e senadores. O PSDB nem isso percebeu ao se apoiar
nele para o golpe. Alckmin (PSDB) não é confiável perante a “nova” e a “velha
direita”. Só agora o PSDB percebe que as baterias de Moro no judiciário, não
atingiram apenas o PT. Para a “nova direita” o centro já é perigoso, pois tem
ares de socialdemocracia. O PSDB interessou apenas como hospedeiro da nova
direita, com Doria, Aécio e outros. Ficou sendo apenas uma sigla de aluguel
para abrigar provisoriamente a “nova direita” que agora começa a criar seu
próprio locus eleitoral: o Partido Novo.
O PDT de Ciro não é confiável – para a nova direita falar em
“trabalhismo” já é perigoso. A nova direita quer clareza nas posições e
fidelidade ao seu projeto. Doria até tentou sair do PSDB e mudar para o DEM,
mas desistiu. Esta foi a vacilada crucial da “nova direita” e de seu
representante mirim (isto está revelado no fato de que há uma disposição de
quem vota em Bolsonaro, votar também em Doria no Estado de São Paulo). No
meio disso tudo, o PT cresceu a ponto de ameaçar os planos direitistas.
Depois de muita confusão no centro, empresários, grande mídia, parte do
judiciário e dos políticos resolveram que a saída será apoiar Bolsonaro.
O reflexo disso já é perceptível: Moro começou a
agir, requentando delações que já haviam sido recusadas pelo próprio Ministério
Público; a Globo está em campo para formar opiniões, comandando a grande mídia;
Ibope curiosamente https://avaliacaoeducacional.com/2018/10/02/por-que-votarei-em-haddad/
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